Aqui, um silêncio barulhento, uma solidão povoada, um monte gente conversando numa só cabeça. Um lugar elástico e apertado. Um sim, repleto de não; ou um não repleto de sim. Depende de cada corpo, de cada um que somos nós. Criar não tem jeito, só se faz fazendo, como é do jeito da infância, ou da criança pós-criança, ou seja, uma certa juventude. São projetos coreográficos construídos exclusivamente para esse público pequeno e não tanto pequeno. O coreógrafo convidado tem ampla experiência nesse tipo de composição. Sabe quando deve ser sim com não e quando deve ser não com sim. Um saber sábio. Sabe porque?
Porque ele sabe que sabe. Um estado de presença muito, muito presente. Feito isso, a cidade amplia modos de ver, prolonga seu pensamento, muda seu jeito de ser. Ela, de fato, constrói uma comunidade de investigação, compondo com a infância e atendo-se ao que nela tem de imprevisto e impensado, o que nela abre espaço à criação. Assim, amplia-se o interesse pela produção de espetáculos com essa abordagem, algo que responde a uma demanda cada vez mais evidente e crescente, sobretudo tendo em conta o público de bairros periféricos da capital e de municípios do interior do estado - certamente é um público que tem um acesso muito pequeno à produção artística; um acesso "mais pequeno" que os pequenos e não tanto pequenos, os jovens, que são o foco desse projeto.
Um projeto de transmissão da obra coreográfica do francês Fabrice Ramalingom, adaptado aos corpos brasileiros, com apoio do Consulado da França em Recife e coprodução da Bienal Internacional de Dança do Ceará. Realização da Cie. R.A.M.a (FR) e da Carnaúba Criações (BR). Espetáculo em formato acessível aos surdos.
Em parceria com VII Bienal Internacional de Dança do Ceará - De Par em Par, o mais novo espetáculo da Cia de Dança de Paracuru em residência de criação com o renomado coreógrafo brasileiro Luiz Fernando Bongiovanni propõe o desenvolvimento de uma pesquisa de movimento voltado para o público jovem.